terça-feira, 3 de abril de 2012

Governador inaugura memorial das Ligas Camponesas


O governador Ricardo Coutinho inaugurou, na tarde de ontem, o Memorial das Ligas Camponesas, em Sapé, e, num momento histórico, devolveu simbolicamente a chave da casa a Elisabeth Teixeira, exatamente 50 anos após o assassinato do seu marido, o agricultor e líder rural João Pedro Teixeira. No dia 2 de abril de 1962, após a morte de João Pedro, Elisabeth fugiu com os filhos deixando a casa no sítio Barra das Antas.

Durante o evento, o governador Ricardo Coutinho também entregou o decreto de desapropriação de área de sete hectares de terra para a construção do Centro de Formação para o Campesinato e do lançamento do Concurso de Redação João Pedro Teixeira, do qual poderão participar alunos da rede pública estadual.


Num momento de muita emoção, o arcebispo emérito da Paraíba, Dom José Maria Pires, abençoou o memorial, que celebra a luta e a história de João Pedro, considerado um mártir na luta pela terra. Logo depois, o governador, ao lado de Elisabeth Teixeira, das filhas Maria José das Neves e Anatilde Teixeira, de Anacleto Julião, filho do líder camponês Francisco Julião, e Marina, irmã de outro líder Nêgo Fuba inaugurou o memorial. Os ex-deputados Agassis Almeida e Assis Lemos, o deputado estadual Hervázio Bezerra, o dirigente nacional do MST, João Pedro Stedile, o presidente do memorial das Ligas Camponesas, Luiz de Lima (Luizinho), prefeitos da região e secretários de Estado participaram do evento.     

Memorial – O Memorial das Ligas Camponesas foi criado em 2008, com o apoio da Comissão Pastoral da Terra (CPT), da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e de camponeses assentados da reforma agrária. Hoje o memorial é uma realidade com documentos e fotos e visa a formação de um acervo histórico, social, político e cultural das ligas camponesas e lutas da reforma agrária e preservação do espírito de luta das ligas por justiça social, dignidade e reforma agrária.

Ricardo Coutinho destacou que o Governo do Estado pretende reconstruir o caminho das ligas camponesas na Paraíba e em Pernambuco e o memorial é o primeiro passo para resgatar a história de homens e mulheres que deram a vida pelo direito à terra. "Estou aqui para resgatar a história e, ao mesmo tempo, dizer que o Estado estará próximo aos trabalhadores rurais para trazer dias melhores e recuperar uma parte da história agrária deste país que não pode ser esquecida”, destacou o governador.

Ele lembrou que a maior dificuldade para instalar o memorial foi a dificuldade de se obter documentos da época, pois aqueles que deram o golpe, não apenas mataram muita gente, mas quiserem apagar a memória dessas pessoas. "Esse é um dia singular para a história desse Estado e de estabelecimento da memória de lutas dos trabalhadores rurais. É importante resgatar o passado para olhar e construir o seu futuro”.

Elisabeth Teixeira, 84 anos, disse que entrar na casa em que viveu com João Pedro e seus filhos e ver hoje um memorial representa o reconhecimento da luta encampada pelo marido por uma reforma agrária. "Ainda lembro quando ele dizia que poderiam até tirar a sua vida, mas a reforma agrária seria implantada no país. Hoje, 50 anos depois, esta reforma agrária sonhada ainda não aconteceu”, ressaltou.

Ela agradeceu o empenho do governador Ricardo Coutinho para inaugurar o memorial e desapropriar a casa e a área de Barra das Antas e disse que este dia ficará marcado eternamente para todos os agricultores e familiares que lutaram pela reforma agrária. "Hoje, mais do que nunca, lembro dos dias difíceis e da coragem de João Pedro em defender os ideiais do homem do campo", revelou Elisabeth.

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