segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Mesmo antes de ser criado, desafio do novo partido de Kassab são as eleições de 2012


PSD, com 44 deputados e dois senadores, pode ajudar Dilma a diminuir dependência do PMDB

  
A dor de cabeça que o PMDB vem dando ao governo Dilma Rousseff nesse começo de mandato pode ganhar um novo capítulo com o nascimento do PSD, liderado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. A nova sigla declara independência, mas já mantém diálogo e é cortejado pelo Palácio do Planalto, que – se conquistá-lo – terá atraído o apoio de um partido que já nasce com 44 deputados federais, quase 10% dos parlamentares da Câmara: um contrapeso que pode reduzir a dependência que o governo tem do PMDB.

O PSD entrega nesta segunda-feira (22) ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) a documentação necessária para pedir sua homologação. São 540 mil assinaturas, 50 mil a mais que o necessário.

A estratégia de Kassab de lançar um partido novo foi a de se livrar da desidratação a que DEM (seu antigo partido) e PSDB (seu principal aliado) sofreram nas últimas eleições. Na Câmara, os tucanos elegeram 13 cadeiras a menos que na eleição presidencial de 2006. No DEM, o baque foi ainda maior: o partido perdeu 22 vagas na Câmara.

Kassab e seu partido dizem que não pretendem nem apoiar nem fazer oposição ao governo, mas a última vez que o prefeito paulistano disse isso foi logo depois de sair da sala da própria Dilma. Para a cientista política da Unesp, Maria Tereza Kerbauy, “essa independência não é crível, mas é confortável”.

- É a habilidade política de não se comprometer com os partidos nem dispensá-los.

Para ela, “as eleições do ano que vem vão ser fundamentais para as relações entre o PT e PMDB”, estremecidas com as denúncias de corrupção nos ministérios comandados pelos peemedebistas e da votação do Código Florestal, que o PMDB votou contra o governo.

- O PT pode preferir se coligar ao PSD em vez do PMDB em algumas regiões. E para o PSD compor a base da Dilma, essas coligações municipais nas eleições do ano que vem serão indispensáveis.

É o mesmo que pensa o cientista político conselheiro da ONG Voto Consciente, Humberto Dantas, para quem o PSD será crucial “nos momentos de crise institucional e de relação com o PMDB”.

- É como alguns namoros. Depois de uma traição e uma briga com a namorada, há quem fique mais simpático com a ex. A aproximação com o PSD pode deixar o PMDB enciumado e trazê-lo de volta para o governo de um jeito menos hostil.

Dantas lembra que, com a criação do PSD, o prefeito também pretende ganhar status de cacique político, mas isso também vai depender das eleições de 2012.

- Ele quer se firmar como liderança de um partido que ele ajudou a criar. Ele ficará dois anos sem mandato articulando com governos e políticos, mas para se tornar um pivô político, ele vai depender do tamanho que o PSD sair da campanha municipal.

Maria Tereza diz que isso “também vai depender das composições que ele fizer com o governo e com outros partidos ao longo das eleições”.

- Logo, essa influência vai depender da quantidade de voto, cargos para vereador e prefeito nas próximas eleições.

Se tudo der certo para o PSD, a legenda começa com dois governadores, seis vices-governadores, dois senadores, além dos 44 deputados federais e de mais de 60 deputados estaduais espalhados pelo Brasil.

Wanderley Preite Sobrinho, do R7

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