PSD, com 44 deputados e dois senadores, pode ajudar Dilma a
diminuir dependência do PMDB
A dor de cabeça que o PMDB vem dando ao governo Dilma
Rousseff nesse começo de mandato pode ganhar um novo capítulo com o nascimento
do PSD, liderado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. A nova sigla
declara independência, mas já mantém diálogo e é cortejado pelo Palácio do
Planalto, que – se conquistá-lo – terá atraído o apoio de um partido que já
nasce com 44 deputados federais, quase 10% dos parlamentares da Câmara: um
contrapeso que pode reduzir a dependência que o governo tem do PMDB.
O PSD entrega nesta segunda-feira (22) ao TSE (Tribunal
Superior Eleitoral) a documentação necessária para pedir sua homologação. São
540 mil assinaturas, 50 mil a mais que o necessário.
A estratégia de Kassab de lançar um partido novo foi a de se
livrar da desidratação a que DEM (seu antigo partido) e PSDB (seu principal
aliado) sofreram nas últimas eleições. Na Câmara, os tucanos elegeram 13
cadeiras a menos que na eleição presidencial de 2006. No DEM, o baque foi ainda
maior: o partido perdeu 22 vagas na Câmara.
Kassab e seu partido dizem que não pretendem nem apoiar nem
fazer oposição ao governo, mas a última vez que o prefeito paulistano disse
isso foi logo depois de sair da sala da própria Dilma. Para a cientista
política da Unesp, Maria Tereza Kerbauy, “essa independência não é crível, mas
é confortável”.
- É a habilidade política de não se comprometer com os
partidos nem dispensá-los.
Para ela, “as eleições do ano que vem vão ser fundamentais
para as relações entre o PT e PMDB”, estremecidas com as denúncias de corrupção
nos ministérios comandados pelos peemedebistas e da votação do Código
Florestal, que o PMDB votou contra o governo.
- O PT pode preferir se coligar ao PSD em vez do PMDB em
algumas regiões. E para o PSD compor a base da Dilma, essas coligações
municipais nas eleições do ano que vem serão indispensáveis.
É o mesmo que pensa o cientista político conselheiro da ONG
Voto Consciente, Humberto Dantas, para quem o PSD será crucial “nos momentos de
crise institucional e de relação com o PMDB”.
- É como alguns namoros. Depois de uma traição e uma briga
com a namorada, há quem fique mais simpático com a ex. A aproximação com o PSD
pode deixar o PMDB enciumado e trazê-lo de volta para o governo de um jeito
menos hostil.
Dantas lembra que, com a criação do PSD, o prefeito também
pretende ganhar status de cacique político, mas isso também vai depender das
eleições de 2012.
- Ele quer se firmar como liderança de um partido que ele
ajudou a criar. Ele ficará dois anos sem mandato articulando com governos e
políticos, mas para se tornar um pivô político, ele vai depender do tamanho que
o PSD sair da campanha municipal.
Maria Tereza diz que isso “também vai depender das
composições que ele fizer com o governo e com outros partidos ao longo das
eleições”.
- Logo, essa influência vai depender da quantidade de voto,
cargos para vereador e prefeito nas próximas eleições.
Se tudo der certo para o PSD, a legenda começa com dois
governadores, seis vices-governadores, dois senadores, além dos 44 deputados
federais e de mais de 60 deputados estaduais espalhados pelo Brasil.
Wanderley Preite Sobrinho, do R7
Nenhum comentário:
Postar um comentário