Dilma Rousseff deve fechar indicações nos Transportes e
avaliar clima político
A presidente Dilma Rousseff realiza nesta segunda-feira (1),
às 10h, a tradicional reunião de coordenação política do governo. O principal
item da pauta é o lançamento da nova política industrial do governo, que deve
centrar foco em investimentos em inovação. Mas os acontecimentos do fim de
semana prometem esquentar o encontro, que normalmente serve para preparar a
semana de trabalhos da presidente.
No sábado (30), a revista Veja publicou uma entrevista com o
ex-diretor financeiro da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) Oscar Jucá
Neto, irmão do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). Na
reportagem, Jucazinho, como é conhecido, acusa o ministro da Agricultura,
Wagner Rossi, de ser o virtual comandante de um esquema de corrupção da pasta.
As denúncias colocaram em risco a permanência de Romero Jucá
na liderança do governo, um cargo de escolha pessoal da presidente, e ainda abriu
uma guerra dentro do principal partido da base de sustentação do governo, o
PMDB. Assessores de Dilma confirmaram ao R7 que o tema será abordado na
reunião, que terá a presença do vice-presidente Michel Temer, principal
avalista da indicação de Rossi ao ministério.
Outra denúncia que tomará parte da reunião foi publicada
pelo jornal Folha de S. Paulo no domingo (31). Segundo a publicação, o
comandante do Exército, general Enzo Martins Peri, e mais sete generais viraram
alvo de investigação da Procuradoria-Geral de Justiça Militar sob suspeita de
participação em fraudes em obras executadas pelo Exército, que firmou vários
convênios com o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes).
A situação no Exército é ainda mais delicada porque o
ministro da Defesa, Nelson Jobim, também está na berlinda. Em entrevista
publicada pelo mesmo jornal, Jobim declarou ter votado em José Serra nas
eleições do ano passado. Dentro do governo, o fato não causou espanto, mas sim
a forma como o ministro o divulgou.
Durante seminário do Campo Majoritário, uma das correntes do
PT, realizada ontem, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto
Carvalho, criticou a declaração de Jobim. Assessores afirmam que a situação do
ministro ficou insustentável e teria desagradado a presidente Dilma.
- No contexto em que se deu, a declaração do ministro
[Jobim] foi desnecessária.
Dilma ainda deve bater o martelo sobre as substituições na
cúpula dos Transportes. Na sexta-feira (29), a presidente assinou um decreto
permitindo a nomeação de servidores de carreira do Dnit e da Valec de forma
temporária. Eles devem ficar até que os novos diretores sejam indicados,
sabatinados pelo Senado e, posteriormente, nomeados pela presidente.
Política industrial
O governo vai lançar nesta terça-feira (2) a nova política
industrial, que deve trazer medidas de desoneração fiscal para os produtos mais
afetados pela desvalorização do dólar. No sábado (30), Dilma esteve reunida no
Palácio da Alvorada com os ministros da Fazenda, Guido Mantega, do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, da Ciência e
Tecnologia, Aloizio Mercadante, e da Casa Civil, Gleisi Hoffman, para acertar
detalhes do plano.
A nova política industrial terá com foco os investimentos em
inovação, principalmente em áreas nas quais o Brasil pode ganhar mais mercado
no exterior. Uma das questões mais complicadas, porém, são as desonerações
tributárias a serem concedidas às empresas. Tanto a presidente Dilma quanto o
ministro Fernando Pimentel defendem medidas mais abrangentes, mas o ministério
da Fazenda não estaria disposto a abrir mão de arrecadação.
A reunião de coordenação política é presidida por Dilma e
conta com a participação do vice-presidente Michel Temer e dos ministros
Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral), Gleisi Hoffmann (Casa Civil), Ideli
Salvatti (Relações Institucionais), Helena Chagas (Comunicação Social), Guido
Mantega (Fazenda) e Miriam Belchior (Planejamento).
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