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Petistas reunidos neste final de semana em um hotel no centro de São
Paulo para um seminário do grupo hegemônico do partido avaliaram que as
declarações polêmicas do ministro da Defesa, Nelson Jobim, têm como objetivo
forçar a presidenta Dilma Rousseff a demiti-lo e, assim, desencadear uma crise
entre seu partido, o PMDB, e o governo.
“O Jobim já está do outro lado há muito tempo. O que ele
quer é fazer constar em seu currículo que foi demitido pela Dilma”, disse o
deputado Jilmar Tatto (PT-SP).
Segundo dirigentes petistas ouvidos pelo iG, a avaliação do
partido é que Jobim tem feito o jogo do tucano José Serra para criar uma
fissura entre o governo e o PMDB. “Eles sabem que o PMDB é o partido que tem o
maior potencial oposicionista e querem jogar o partido contra a Dilma”, afirmou
um dirigente.
O ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto
Carvalho, disse que Dilma está avaliando sozinha o caso de Jobim. “É uma
questão que a presidenta tomou para ela e nos pediu para deixar com ela”, disse
Carvalho.
A opinião pessoal do ministro, um dos mais próximos da
presidenta, com direito a gabinete no Palácio do Planalto, é que as declarações
de Jobim foram “desnecessárias”.
Nas comemorações pelo aniversário de 80 anos do
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em Brasília, Jobim fez um discurso
dúbio no qual usou várias vezes a palavra “idiotas”.
Alguns petistas interpretaram como uma referência ao partido
e à própria presidenta. Jobim veio a público dizer que se referia a
jornalistas.
Na semana passada o ministro voltou a causar polêmica em uma
entrevista na qual revelou ter votado em José Serra na eleição do ano passado.
Enquanto a grande maioria dos petistas criticavam o ministro
da Defesa, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, amigo pessoal de Jobim,
saiu em sua defesa. "Isso é irrelevante. Todos sabemos da relação do Jobim
com o Serra. Ele é um progressista. Não é um homem de direita", disse
Dirceu.
IG
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