Artigo publicado em Russia Today. Tradução: Coletivo Vila
Vudu
Por que Clinton foi à Líbia? Para encobrir as atrocidades e
exibir um rosto branco, limpo, sorridente, para esconder a morte e a destruição
A principal coordenadora da guerra contra a Líbia, Hillary
Clinton, andou pela África pregando abertamente o assassinato de Muamar Kadafi,
movimento sem dúvida muito impopular na África e em todo o mundo.
Em reunião com o Conselho Nacional de Transição, dos
“rebeldes” da OTAN, na terça (18), a secretária de Estado dos EUA Hillary
Clinton disse que Washington queria ver o comandante líbio Kadafi “capturado ou
morto”[1].
Em comentário à declaração de Clinton que clamou por mais
sangue, o professor Paul Sheldon Foote, da California State University,
explicou que o governo de Obama realmente crê que esse assassinato seria
justificável[2]:
“Os loucos por guerra que há no governo Obama dirão que
Kadafi foi ditador e, portanto, seria lícito assassiná-lo. Não esqueçam quem é
Hillary Clinton. Em 2008, candidata à presidência, ela ameaçou matar todos os
iranianos, homens, mulheres e crianças, e fazer do Irã uma cesta de lixo”.
Para Foote, por trás da visita surpresa de Clinton à Líbia
estava o desejo dos EUA de incluir-se entre os “vitoriosos”, para receber
também os louros do chamado “sucesso” da OTAN na Líbia.
“Além de terem dito que assassinaram Bin Laden, querem
dizer, agora que se inicia a campanha de reeleição de Obama, que conseguiram
uma grande ‘vitória’ na Líbia” – disse o professor, falando da California.
E continuou:
“Ainda há muitos combates na Líbia e praticamente tudo que
todos ouvimos em todas as televisões e jornais é falso. Estamos ouvindo uma
narrativa de propaganda, sobre o que realmente se passa na Líbia”.
Keith Harmon Snow, jornalista investigativo independente e
correspondente de guerra, diz que o assassinato de Kadafi foi um “target
assassination” [assassinato predefinido, premeditado] e que é ilegal. Disse
também que não se pode ter qualquer dúvida de que havia uma agenda oculta por
trás da visita aparentemente espontânea, de Hillary Clinton, à Líbia.
“Por que Clinton foi à Líbia? Evidentemente, para dar a
impressão, ao público norte-americano, que a Líbia estaria sob controle
absoluto dos EUA. Para encobrir as atrocidades e exibir um rosto branco, limpo,
sorridente, para esconder a morte e a destruição”.
Seja como for, a julgar pelos comentários, são poucos os que
veem Hillary Clinton como rosto limpo. O comentário típico, mais frequente, em
inúmeras páginas panafricanas na Internet, é hostil à figura de Clinton e ao
que foi fazer na Líbia. Por exemplo, o que aí se vê (inglês corrigido):
“É, Hillary Clinton teve a ousadia de clamar pelo
assassinato de um herói da África. Agora, ela que espere para ver quem morre
antes, ela ou Kadafi. Ela pediu. Kadafi não é Saddam Hussein nem Osama Bin
Laden. Kadafi é herói dos africanos e nosso líder. Sei que ela é um monstro,
como Samantha Powell nos disse. Mas, dessa vez, ela foi longe demais. Ela que
comece a contar seus dias. A Ummah muçulmana africana já a condenou. Já há uma
fatwa. Os africanos nunca a perdoarão. Ela não está vendo o movimento de
protesto que está crescendo no Mali”.
O internauta referiu-se ao Mali (“Marcha em apoio a Kafafi
no Mali”, com imagens do Mali, ontem, 6ª-feira lá), mas há inúmeros outros
movimentos já crescendo em outros pontos da África, nenhum deles noticiado. Não
apenas os cidadãos da África estão manifestando sua indignação em postados e em
manifestações de massa, como também já há publicações europeias da grande
imprensa, que adotaram discurso de resposta veemente (como a publicação russa
coletiva, Pravda.ru) contra Clinton.
Em artigo intitulado “A Bruxa Má do Ocidente parte para a
Líbia”, Lisa Karpov, que escreve dos EUA, pergunta:
“Será que essa senhora não tem cérebro? Será que não percebe
que o que ela diz contra Kadafi é o mesmo que milhões de pessoas, em todo o
mundo, dizem dela e de suas falanges de guerra, imundas, genocidas?”[3]
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