Autor: Aparecido
Barbosa
A vida não deu ao cidadão Luiz Inácio Lula da Silva a
oportunidade de receber um diploma universitário, mas compensou-o, como ele
mesmo se orgulha, conferindo-lhe o diploma de Presidente da República. E isto
talvez tenha sido providencial para o futuro do Brasil.
Seu antecessor, formado em Ciências Sociais pela
Universidade de São Paulo (USP), da qual é “professor emérito”, tendo
completado seus estudos de pós-graduação na Universidade de Paris, e lecionado
nas Universidades de Santiago (Chile), de Stanford e Berkeley (EUA), de
Cambridge (Inglaterra) e na École des Hautes Études en Sciences Sociales, na
França, onde também ministrou aulas no famoso Collège de France, em oito anos
de mandato não construiu uma Universidade.
Lula, considerado “analfabeto” (e avesso à leitura) por um
grande número de seus críticos (além de “cafona” por um famoso compositor
brasileiro, “anta” por um jornalista que quis ficar famoso às suas custas etc.
– mas isso não vem ao caso) em igual período, construiu 13 Universidades - três
delas no Nordeste - sendo a maioria no interior dos estados, e 214 escolas
técnicas federais (60,45% das 354 unidades hoje existentes). A última foi a Unila (Universidade Federal da
Integração Latino-americana), em Foz do Iguaçu – PR, bilingue Português-Espanhol,
com 50% dos professores e alunos brasileiros e o restante dos demais países que
compõem o Mercosul.
Ao mesmo tempo, transformou as 38 unidades de Escolas
Técnicas Federais, nos 27 estados do país, em Institutos Federais de Educação
Ciência e Tecnologia - IFETs, com “status” de ensino superior, integrando 68
autarquias (antigas escolas técnicas e agrotécnicas e Cefets).
Talvez, mas não só por isso, Lula pode colocar na parede do
seu apartamento em São Bernardo do Campo (SP), ao lado do diploma de
Presidente, sete diplomas de “doutor honoris causa”, obtidos no Brasil (um em
Minas Gerais, um na Bahia, três em Pernambuco) e no exterior (Universidade de
Coimbra – Portugal, e Instituto de Estudos Políticos - Sciences Po - Paris).
Este último título, entregue no dia 27/09, nunca na história
daquele Instituto fora concedido a um representante da América Latina e, apenas
uma vez antes de Lula, recebeu-o um governante (ou ex, tanto faz), o
ex-presidente tcheco Vaclav Havel. Lula tornou-se a 16ª personalidade a receber
tal láurea desde a fundação da instituição, em 1871.
As emissoras de televisão comentaram, “en passant”
(principalmente a GLOBO), o evento. A menos reticente foi a BAND (clique aqui),
mas nenhuma disse que, antes de ir receber o último título, o ex-presidente
apedeuta (como alguns articulistas costumam se lhe referir) vinha de uma série
de atividades em solo norte-americano, incluindo um encontro (no dia 23/09, em
Washington), com o presidente da Federação Americana de Trabalho e Congresso
das Organizações Industriais, Richard Trumka e, no sábado (24), uma palestra na
Biblioteca do Congresso Americano com o tema “Os avanços e desafios da América
Latina”. O evento ocorreu durante o encontro do FMI (Fundo Monetário
Internacional) e do Banco Mundial.
Já em Paris, antes da entrega do título, Lula esteve em
reunião (que durou 45 minutos, no dia 26), com Nicolas Sarkozy, que o convidou
a retornar a Paris neste mês de outubro, para abrir um evento de ONGs e
instituições educacionais sobre o desenvolvimento. Após o recebimento do
diploma da Sciences Po, na quarta-feira o ex-presidente encontrou-se com
lideranças do Partido Socialista francês. Depois, partiu para Gdansk, na
Polônia, onde foi agraciado, no dia 29, com o prêmio “Lech Walesa”, criado em
2008 para reconhecer personalidades destacadas por seu respaldo à liberdade,
democracia e cooperação internacional (meio contraditório para quem queria
acabar com a liberdade de imprensa no Brasil, segundo algumas folhas do estadão
de São Paulo). Ficou com a estatueta, mas comprometeu-se a doar a parte em
dinheiro, no valor de 100.000 dólares, a um país africano.
Neste mesmo dia 29, Lula esteve em Londres, onde fez uma
palestra no Museu de História Natural, com o tema “Crescimento econômico e
desenvolvimento social: a experiência do Brasil”.
Na sexta-feira (30), o ex-presidente falou em uma
conferência promovida pela revista The Economist, dentro do evento The
High-Growth Markets Summit (Encontro Sobre Mercados de Alto Crescimento, em
tradução livre). Lula foi convidado pela revista para falar sobre a experiência
do seu governo na cooperação e aumento do comércio Sul-Sul.
Ainda na sexta-feira o ex-presidente voltou para São
Bernardo do Campo, onde mora, com a incumbência de achar espaço na parede para
colocar o novo título e um cantinho para guardar o novo prêmio.
Para um analfabeto cafona, ou uma “anta”, está de bom
tamanho.
Um comentário:
Dor de cotovelo das viúvas da ditabranda, quando destilam seus rancores contra o metalúrgico que virou referência internacional.
Postar um comentário