segunda-feira, 17 de outubro de 2011

O que não foi dito sobre a viagem de Lula


Autor:  Aparecido Barbosa
A vida não deu ao cidadão Luiz Inácio Lula da Silva a oportunidade de receber um diploma universitário, mas compensou-o, como ele mesmo se orgulha, conferindo-lhe o diploma de Presidente da República. E isto talvez tenha sido providencial para o futuro do Brasil.

Seu antecessor, formado em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (USP), da qual é “professor emérito”, tendo completado seus estudos de pós-graduação na Universidade de Paris, e lecionado nas Universidades de Santiago (Chile), de Stanford e Berkeley (EUA), de Cambridge (Inglaterra) e na École des Hautes Études en Sciences Sociales, na França, onde também ministrou aulas no famoso Collège de France, em oito anos de mandato não construiu uma Universidade.


Lula, considerado “analfabeto” (e avesso à leitura) por um grande número de seus críticos (além de “cafona” por um famoso compositor brasileiro, “anta” por um jornalista que quis ficar famoso às suas custas etc. – mas isso não vem ao caso) em igual período, construiu 13 Universidades - três delas no Nordeste - sendo a maioria no interior dos estados, e 214 escolas técnicas federais (60,45% das 354 unidades hoje existentes).  A última foi a Unila (Universidade Federal da Integração Latino-americana), em Foz do Iguaçu – PR, bilingue Português-Espanhol, com 50% dos professores e alunos brasileiros e o restante dos demais países que compõem o Mercosul.



Ao mesmo tempo, transformou as 38 unidades de Escolas Técnicas Federais, nos 27 estados do país, em Institutos Federais de Educação Ciência e Tecnologia - IFETs, com “status” de ensino superior, integrando 68 autarquias (antigas escolas técnicas e agrotécnicas e Cefets).



Talvez, mas não só por isso, Lula pode colocar na parede do seu apartamento em São Bernardo do Campo (SP), ao lado do diploma de Presidente, sete diplomas de “doutor honoris causa”, obtidos no Brasil (um em Minas Gerais, um na Bahia, três em Pernambuco) e no exterior (Universidade de Coimbra – Portugal, e Instituto de Estudos Políticos - Sciences Po - Paris).



Este último título, entregue no dia 27/09, nunca na história daquele Instituto fora concedido a um representante da América Latina e, apenas uma vez antes de Lula, recebeu-o um governante (ou ex, tanto faz), o ex-presidente tcheco Vaclav Havel. Lula tornou-se a 16ª personalidade a receber tal láurea desde a fundação da instituição, em 1871.



As emissoras de televisão comentaram, “en passant” (principalmente a GLOBO), o evento. A menos reticente foi a BAND (clique aqui), mas nenhuma disse que, antes de ir receber o último título, o ex-presidente apedeuta (como alguns articulistas costumam se lhe referir) vinha de uma série de atividades em solo norte-americano, incluindo um encontro (no dia 23/09, em Washington), com o presidente da Federação Americana de Trabalho e Congresso das Organizações Industriais, Richard Trumka e, no sábado (24), uma palestra na Biblioteca do Congresso Americano com o tema “Os avanços e desafios da América Latina”. O evento ocorreu durante o encontro do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do Banco Mundial.

Já em Paris, antes da entrega do título, Lula esteve em reunião (que durou 45 minutos, no dia 26), com Nicolas Sarkozy, que o convidou a retornar a Paris neste mês de outubro, para abrir um evento de ONGs e instituições educacionais sobre o desenvolvimento. Após o recebimento do diploma da Sciences Po, na quarta-feira o ex-presidente encontrou-se com lideranças do Partido Socialista francês. Depois, partiu para Gdansk, na Polônia, onde foi agraciado, no dia 29, com o prêmio “Lech Walesa”, criado em 2008 para reconhecer personalidades destacadas por seu respaldo à liberdade, democracia e cooperação internacional (meio contraditório para quem queria acabar com a liberdade de imprensa no Brasil, segundo algumas folhas do estadão de São Paulo). Ficou com a estatueta, mas comprometeu-se a doar a parte em dinheiro, no valor de 100.000 dólares, a um país africano.



Neste mesmo dia 29, Lula esteve em Londres, onde fez uma palestra no Museu de História Natural, com o tema “Crescimento econômico e desenvolvimento social: a experiência do Brasil”.

Na sexta-feira (30), o ex-presidente falou em uma conferência promovida pela revista The Economist, dentro do evento The High-Growth Markets Summit (Encontro Sobre Mercados de Alto Crescimento, em tradução livre). Lula foi convidado pela revista para falar sobre a experiência do seu governo na cooperação e aumento do comércio Sul-Sul.

Ainda na sexta-feira o ex-presidente voltou para São Bernardo do Campo, onde mora, com a incumbência de achar espaço na parede para colocar o novo título e um cantinho para guardar o novo prêmio.

Para um analfabeto cafona, ou uma “anta”, está de bom tamanho.

Um comentário:

Anônimo disse...

Dor de cotovelo das viúvas da ditabranda, quando destilam seus rancores contra o metalúrgico que virou referência internacional.