Publicado em 21 de Novembro de 2011 por Sérgio Botelho
Sérgio Botelho
Não deve acontecer uma coligação em João Pessoa envolvendo
PSB-PT-PSDB. Ou o PSB tem o PT como aliado, na sucessão de Luciano Agra, ou tem
o PSDB. Os três partidos juntos, a preço de hoje, não tem cabimento. E se
brincar, o PSB assume o projeto de reeleição de Agra, sem nenhum dos dois. Os
fatos vão conspirando neste sentido. É só anotar os sinais que emanam dos centros
decisórios nacionais da política peessedebista e petista.
As dificuldades têm a ver com o quadro nacional, agravado
pelo quadro local. No plano estadual, o PSB não conta com a simpatia de parcela
amplamente majoritária do PT e nem com a da fortíssima ala tucana ligada ao
senador Cícero Lucena. No plano nacional, as vontades de tucanos e de petistas
em apresentarem candidatos próprios nas capitais do país conspiram contra os
interesses nos dois partidos ainda alimentados pelos socialistas pessoenses.
Vamos por partes. A primeira, diz respeito aos tucanos. Há
um cisma cada vez mais ruidoso envolvendo socialistas e petistas nacionalmente.
Tem a ver com os movimentos do governador pernambucano, Eduardo Campos, na
direção do PSDB. São parceiros cada vez mais estreitos em São Paulo, em Minas
Gerais e em Pernambuco.
Neste particular, o que dá para chorar dá para rir. Caso a
distância que separa ainda socialistas de tucanos diminua até 2012, pode-se até
prever o sacrifício de Cícero Lucena em João Pessoa, pelos tucanos. Em nome da
aliança nacional tucano-socialista, Cássio venceria a queda de braço com
Cícero, levando o PSDB paraibano a apoiar Luciano Agra, ou quem venha a
substituí-lo, no PSB. Há possibilidade, no entanto, de a Paraíba ficar fora do
acordo nacional tucano-socialista (daqui a pouco a agente trata disto).
No caso de uma aliança nacional entre PSDB e PSB, empurrando
o tucanato paraibano a apoiar Agra, isto afastaria definitivamente o PT, do
PSB, não apenas pela distância que já nos dias de hoje separa as duas siglas no
estado, mas, sobretudo, pela exigência conjuntural do país, envolvendo as
relações entre PT, PSDB e PSB, no quadro suposto. No PT, então, a tese de
candidatura própria na capital paraibana, ou, até, de apoio ao PMDB, sairia
fortalecida.
Agora, a difícil possibilidade de Campos afastar-se do PSDB
nacional (altamente improvável), é a única hipótese que ajudaria a uma
reaproximação entre petistas e socialistas na Paraíba. O prejuízo seria o de
ver, assim, a candidatura de Cícero Lucena em João Pessoa ser consolidada,
arrastando a seu favor todo o tucanato estadual (alternativa nada interessante
nem para Cássio nem para Ricardo, ambos voltados para os seus próprios umbigos,
ou seja, para as eleições em Campina Grandeiem João Pessoa, com as devidas
trocas de apoios).
No que pesem todas essas variáveis, há elevadas chances de o
PSB enfrentar, sem tucanos e sem petistas, as eleições do próximo ano em João
Pessoa. Em se confirmando o suposto afastamento entre Eduardo Campos e Ricardo
Coutinho, por conta da eleição de Ana Arraes para o TCU, a Paraíba estaria de fora
do acordo nacional entre tucanos e socialistas.
Porém, isto não seria suficiente para o PSB paraibano atrair
o PT, bastante interessado em firmar compromissos nacionais com partidos que
apresentem condições inequívocas de continuarem no projeto de fortalecimento da
base petista, visando à sucessão de Dilma. E, aí, não seria o PSB de Ricardo a
contar na hora do acordo na Paraíba. E, sim, o PMDB de Temer, Sarney e Renan a
estabelecer a diferença.
E, mais imediatamente, no primeiro turno das eleições municipais,
a vontade de o PT construir candidaturas próprias nas principais cidades do
país. Juntando, por conseguinte, a fome nacional com a vontade de comer dos
petistas paraibanos, PSB teria mesmo que ir à guerra sem o PT, em João Pessoa.
Como a hipótese de ficar sem o PSDB é real, caberia ao PSB enfrentar a disputa
apenas em companhia dos pequenos partidos.
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